Voar
Quero voar!
Mas minhas asas, um tanto amassadas e cansadas de tantos vôos vãos, já não tem mais forças.
Necessito de motivos para o vôo.
Meu céu, já não tem o mesmo brilho azul.
O sol, que antes aquecia meu corpo, tem um amarelo turvo.
Mas é da noite que tenho medo.
Ela agora é escura como nunca antes o fora.
Sem estrelas, as mesmas estrelas que, um dia, brilhavam como diamantes no tapete negro.
A lua, que outrora iluminava meus passos, hoje não passa de um pequenino ponto distante. Fosco.
Disforme.
E é quando essa noite assustadora chega, é que eu recolho mais minhas asas.
Aconchegando-me nesse casulo invisível aos olhos dos outros.
E choro, triste e envergonhada, por não ter mais forças pra seguir.
Quero voar!
Nada pareceria tão sublime nesse momento, quanto um último vôo...
Plainar no céu...
e quem sabe...
Bater as asas pela última vez.
2008
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