quarta-feira, 28 de abril de 2010

IDENTIDADE

Depois então me deu uma preguiça
meus mitos estavam todos superados
não gosto da ingenuidade das pessoas
e o comodismo delas me exaspera
tenho vinte e tantos anos e nenhum ídolo
mas procuro ainda entre as mesas da cidade
um olhar um pouco mais feroz, alguém
um indício de um paralelo clandestino
um universo duvidoso, que não se possa supor.

Talvez entre os que tramam, os que conspiram
entre as pessoas mais secretas do planeta
luzes íntimas, sótãos, desvios
talvez os sussurram para os livros
os que fabricam substâncias, os que se permitem
talvez os que ambíguos ameaçam
entre os mais loucos, os obsessivos, os fascinados por alguma coisa.

Acredito nisso: no fascínio
na doentia obstinação
na paixão mais absurda
que nos torna transparentes para nós mesmos
para os outros eternamente impenetráveis.

Bruna Lombardi