quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Era final de verão de um ano qualquer.

Ela tinha 17 anos.

Talvez por odiar verão, calor e praia, e estar na praia, no calor e não poder fugir do verão, que tudo propiciou o encontro deles.

Ela estava numa praia qualquer, no interior do estado. E, ao invés de ir com todos curtir o mar, ela preferia ficar à sombra, na rede, com um livro no colo e óculos escuros enterrados no rosto. E foi assim que se conheceram. Ele estava no chalé do lado. E sempre que passava, seus olhares se cruzavam. Ela chegava a prender a respiração e se esconder atrás do livro.

O assunto entre eles começou de forma casual. Um encontro no supermercado local. Ela com sacolas, ele prestativo “carrego pra você”...

Conversas espaçadas... Sorrisos furtivos... Um convite pra passear na areia...

“ Não gosto de sol ” – ela disse, um tanto assustada “ tudo bem, eu também não... À noite”.

Foi o primeiro de vários passeios ao luar. Ela já aguardava ansiosamente vê-lo ao entardecer. Sabia que o queria, apesar de ter plena consciência de que talvez nunca mais o visse. Assim, passaram duas semanas, e ela tinha apenas mais duas antes de voltar para a sua vida real. Contou isso a ele, com tristeza na voz. Ele nada disse, a não ser que queria que ela fosse jantar com ele no outro dia, ver filmes, ouvir música... Ou qualquer outra coisa que ela quisesse. Ou nada que ela não quisesse.

E ela foi. Ouvia a música incrivelmente sensual que invadia a casa. E ele cozinhara. E eles conversaram e riram muito. E, tão natural como o ar que respiravam juntos, eles se beijaram, uma, duas, três vezes. E, naquele momento, ela soubera que ele seria o primeiro de sua vida. Que o fato dele ser 8 anos mais velho que ela, de ter uma vida estável, num mundo que não lhe pertencia, naquela noite nada significava. Ali eles eram um só. Uma comunhão de pensamentos, desejos, vontade. E ele fez dela, uma mulher naquela noite e nas noites seguintes, até o verão acabar. E o verão, naquele ano, passou rápido...


*Baseado em Fatos Reais

Um Conto sem Fadas – Parte II

Era uma vez uma Estrela. Dourada, brilhante. Tão brilhante que outras estrelas menores ou menos radiantes, se aproximavam dela para aproveitar de sua luz. Naquela imensidão azul, esta estrela clareava tudo e a todos a sua volta. Era impossível não se fascinar pelo seu encanto, sua intensidade, sua beleza. Tão generosa, amorosa e feliz.

Neste céu gigante existia também um Asteróide. Um do tipo escuro, triste e que, atraído pela luminosidade daquela gigantesca Estrela dourada, aproximou-se. Cada vez mais.

Todos sabiam que asteróides não produziam “luz”, por isso todas as demais estrelas sabiam que aquele Asteróide só estava ali para usufruir o calor e da claridade daquela estrela.

Para isso, o asteróide ofereceu-lhe boa vida, amor eterno, prometeu-lhe a alma, jurando não querer nada em troca, a não ser a recíproca verdadeira. E ele soube encantar. Fazer-se amar.

Por algum tempo, a Estrela achou-se imensamente feliz, abrigando seu amor. Por algum tempo, o Asteróide absorveu a energia vital.

Um dia, já enjoado da vidinha rotineira de viver ao lado daquela Estrela e achando que já absorvera luz suficiente para si, o Asteróide resolveu parti, magoando de forma brutal a Estrela apaixonada. Ela ficou tão triste, que perdeu o brilho, o viço, abateu-se e achou que iria apagar-se. Queria se apagar.

As estrelas menores então, vendo que aquela estrela linda morreria, reuniram-se e unidas, passaram a iluminar a amiga triste. Motivavam-na a brilhar, enxugavam suas lágrimas.

Já o Asteróide, depois de vagar garboso, exibindo um brilho que não era seu, notou que estava apagando. Cada vez mais rápido. Pensou em aproximar-se de outra estrela, mas nenhuma das que achou eram tão luminosas e douradas quanto aquela que abandonara.

O tempo passava e a Estrela, agora auxiliada pelas estrelas menores, passou a sorrir novamente. E seu brilho voltou. Claro que, no fundo, ainda sentia falta daquele miserável, pois não se escolhe quem se ama, mas aprendia dia-a-dia, que podia brilhar novamente sem ele.

Foi então que o viu de novo. Depois de algum tempo. E ele implorava que ela o aceitasse novamente. Que ele não era nada sem ela e que, a partir de hoje, tudo seria diferente. As pequenas estrelas gritaram que “não”, avisaram, disseram à Estrela que nada seria diferente, que ele usaria da sua luz intensa e lhe abandonaria mais uma vez. Mas a Estrela, já quente da presença dele, brilhou mais intensa e grandiosa e o aceitou. E disse que por mais que soubesse quem ele realmente era, Ela não brilharia da mesma forma e não seria feliz se não tivesse seu Asteróide usurpando-lhe o brilho. E eles se juntaram mais uma vez.

E assim, de momentos de intensidade juntos, a momentos de solidão fosca... Eles viveram...

Fim.


*Baseado em Fatos Reais²


Eu te amo ♥